As companhias aéreas estão pedindo aos governos muita cautela ao considerar a privatização de aeroportos. Durante a 74ª Assembleia Geral Anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata – International Air Transport Association) foi aprovada, por unanimidade, uma resolução apelando aos governos para que priorizem os benefícios econômicos e sociais de longo prazo proporcionados por um aeroporto de operação efetiva, e não os ganhos financeiros de curto prazo proporcionados por uma privatização mal planejada. Atualmente, cerca de 14% dos aeroportos no mundo possuem algum nível de privatização. Como tendem a ser grandes hubs, eles operam cerca de 40% do tráfego global.

“Estamos em uma crise de infraestrutura. Os governos com problemas financeiros esperam que o setor privado ajude a desenvolver a capacidade aeroportuária necessária. Mas é errado supor que o setor privado tem todas as respostas. As companhias aéreas ainda não viram uma privatização de aeroportos que tenha fornecido plenamente os benefícios prometidos no longo prazo., ressalta Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Iata.

Após destacar que “os aeroportos são infraestruturas críticas”, disse ser importante que os governos adotem uma visão de longo prazo com foco em soluções que ofereçam os melhores benefícios econômicos e sociais.”É um erro vender ativos aeroportuários para obter uma injeção de dinheiro no curto prazo”, disse Juniac

Mais caros

Segundo o dirigente da Iata, pesquisa da IATA mostra que os aeroportos do setor privado são mais caros. “Mas não conseguimos ver nenhum ganho em eficiência ou níveis de investimento. Isso contraria a experiência da privatização de companhias aéreas, onde a maior competição resultou em preços mais baixos para os consumidores. Então, não aceitamos que a privatização de aeroportos aumente os custos. Os aeroportos têm poder de mercado significativo. A regulamentação eficaz é fundamental para evitar seu abuso, principalmente quando os interesses do setor privado buscam lucro”, disse Alexandre de Juniac, que também observou que cinco dos seis principais aeroportos de passageiros classificados pela empresa de consultoria Skytrax são controlados pelo poder público.

“Não existe uma solução única para todos. Existe uma ampla variedade de modelos de operação de propriedade que podem ajudar a atingir os objetivos estratégicos de um governo sem precisar transferir o controle ou propriedade para o setor privado. Muitos dos aeroportos mais bem-sucedidos do mundo são operados como entidades corporatizadas do governo. Os governos precisam avaliar os prós e os contras dos vários modelos, levando em conta os interesses de todas as partes envolvidas, incluindo as companhias aéreas e os clientes. O mais importante é que os aeroportos atendam às necessidades dos clientes e usuários da infraestrutura aeroportuária. E para isso, consultar os usuários deve fazer parte do processo de análise”, disse Alexandre de Juniac.

Fonte: Monitor Digital.

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