Quem possui um heliponto antigo tem o prazo limite de 20 de novembro deste ano para concluir os processos de requerimento de inscrição no cadastro protocolados junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), para se enquadrar no RBAC (Regulamentos Brasileiros da Aviação Civil) n° 155, que entra em vigor no dia 21 de novembro e que substitui uma portaria de 1974. A Anac informou por meio de nota que não possui levantamentos de helipontos antigos não homologados.

A Abraphe (Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero) ressalta que a frota de helicópteros em todo território nacional é de aproximadamente 1,7 mil aeronaves. São Paulo é o Estado com o maior número de helicópteros registrados, cerca de 700, seguido por Rio de Janeiro (452) e Minas Gerais (263). Só na cidade de São Paulo, estima-se cerca de 400 aeronaves registradas – segundo levantamento realizado em 2013 pela entidade em parceria com a Anac. Atualmente, na capital paulista, ocorrem em torno de 1.300 pousos e decolagens por dia.

Em todo Paraná existem 49 helipontos homologados pela Anac. O Estado possui 127 aeronaves segundo o Anuário Brasileiro de Aviação Civil, divulgado no ano passado pelo IBA (Instituto Brasileiro de Aviação).

Para o major Gustavo Hauenstein, comandante da base norte do BPMOA (Batalhão de Polícia Militar Operações Aéreas), para a PM a existência de mais helipontos na cidade não é tão importante quanto para o socorro médico. “Nós nunca pousamos no heliponto do Hospital do Coração, por exemplo. A nossa aeronave levanta voo e pousa no mesmo hangar. Com o helicóptero eu vou para qualquer lugar da cidade em um minuto”, aponta.

Hauenstein explica que a área de abrangência da base norte do BPMOA inclui 13 aeroportos que vão de Londrina a Maringá, Campo Mourão, Ivaiporã e todo o Norte Pioneiro. “Futuramente os helicópteros executivos aumentarão na cidade. A aviação executiva está crescendo em Londrina. Temos um empresário que adquiriu recentemente um helicóptero e temos outro empresário que está adquirindo outro helicóptero”, declara.(V.O.) Vitor Ogawa.

Transporte aéreo é fundamental para hospitais.

Para situações de emergência, que exigem rapidez no transporte de pacientes, os helipontos são importantes para que seja possível minimizar os riscos no deslocamento. O coordenador de enfermagem do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Londrina, Marcos Laurentino da Silva, diz que a aeronave utilizada pelo Samu chega a voar até 245 km/hora. Dentro dela, há maca retrátil e móvel, sistema de aspiração e oxigênio e equipamentos médicos fixados, que permitem o atendimento durante o voo. No entanto, se não houver heliponto na unidade hospitalar de origem e chegada dos pacientes, muitas vezes há a necessidade de transferência do paciente para uma viatura terrestre.

“O ideal seria que o pouso e a entrega do paciente fossem no hospital de destino. O diferencial nosso é o fator tempo. Muitas vezes a gente pousa e a ambulância está aguardando a gente, mas não é raro que a ambulância terrestre esteja atendendo outra ocorrência”, lamenta.

Laurentino explica que, depois da transferência para a ambulância terrestre, a equipe acompanha a transferência para o hospital. “Com isso a gente perde um pouco de tempo. Se houvesse helipontos nos hospitais de destino o benefício para os pacientes seria imenso”, destaca.

Rodrigo Nicacio Santa Cruz, diretor técnico do Samu Regional Oeste do Paraná, baseado em Cascavel, ressalta que as operações aeromédicas começaram há cinco anos no município e que no começo houve muitas dificuldades para encontrar espaços de pouso. “Não tinha lugar para pousar a não ser o aeroporto. Depois da implantação do serviço, o Hospital Cardiológico construiu um heliponto e hoje a gente pousa dentro do hospital. Isso traz um ganho gigantesco para o paciente”, ressalta.

Cruz explica que as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Toledo, Guaíra e Terra Roxa também construíram helipontos. “Esses municípios investiram recursos próprios, aproveitando que havia espaço físico nas UPAs. Antes tínhamos que pousar longe dessas unidades e hoje fazemos isso na própria UPA.”

Cruz ressalta que de vez em quando viaja até o Hospital Universitário de Londrina. “Principalmente quando temos que transferir alguém para o Centro de Tratamento de Queimados. Há um prejuízo grande na logística, porque temos de pousar no aeroporto. Depois disso precisamos chamar uma ambulância terrestre do Samu. Há um tempo para fazer a transferência do helicóptero para a essa ambulância terrestre e existe também o tempo de deslocamento até a unidade. Enquanto fazemos isso, poderíamos ter atendido mais um ou dois pacientes. Se houvesse um heliponto no HU, desceríamos no próprio hospital”, afirma.

Também é comum fazer transferências de pacientes para o Hospital Infantil Sagrada Família, em Londrina, que também não possui heliponto. “Geralmente são crianças cardiopatas que desembarcamos no aeroporto e depois transferimos para uma ambulância. Dependendo do horário, o trânsito é intenso e isso aumenta o tempo de deslocamento”, diz.

“Ter um heliponto é fundamental para o paciente. Em Cascavel, a gente precisa de heliponto no Hospital Universitário, que está em obras. Existem vários guindastes que impedem o pouso no local. Com isso não podemos usar o espaço que usávamos anteriormente, hoje estou pousando no estacionamento de um supermercado, que é o local mais seguro. Já mudamos o local de pouso por quatro vezes enquanto não tem um heliponto oficial. Já utilizamos o estádio de futebol, mas agora ele está em obras. Também utilizamos um estacionamento, mas construíram um ponto de ônibus no local”, lamenta.

O único heliponto em unidade hospitalar em atividade no município fica no Hospital do Coração – Unidade Bela Suíça, na zona sul de Londrina. De Cascavel a Londrina, o trajeto foi percorrido em uma hora e 40 minutos. O heliponto pode ser usado para o transporte de pacientes de qualquer hospital de Londrina. A estrutura também fica à disposição da comunidade para emergência médicas, mesmo se o paciente não for internado na unidade.

Na Santa Casa de Londrina, há um projeto de instalação de um heliponto, mas o novo bloco hospitalar tem entrega prevista para o primeiro semestre de 2019, ainda sem heliponto. No Evangélico também não há previsão de instalação desse tipo de estrutura.

Folha de Londrina por Vitor Ogawa.

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