Não faltam relatos de passageiros que tiveram algum problema na hora de acionar o seguro-viagem, principalmente quando estão fora do país. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo.

Aquela viagem tão esperada, as férias tão desejadas, e uma mala que não chega, um voo que é cancelado, ou um acidente que acaba com os dias de diversão. Não é difícil ouvir relatos de pessoas que tiveram algum problema enquanto estavam fora do país, mesmo tendo contratado um seguro-viagem. E os órgãos reguladores estão de olho nessa realidade.

Ao longo do ano de 2017, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) recebeu mais de 200 reclamações de viajantes que tiveram malas perdidas, voos atrasados ou cancelados, problemas de saúde com internamentos bem caros, entre outros, que não foram cobertos pela assistência. Ou que foram cobertos e a indenização demorou mais do que o previsto para ser paga (31% das reclamações).

A Susep aponta ainda que os clientes que tiveram a cobertura negada somam 20% das reclamações. Uma delas é a do advogado Marcello Lombardi, que ficou ‘preso’ em Nova York no começo deste ano sem hotel e sem roupas. Ele foi passar o réveillon na cidade e teve o voo de volta para o Brasil adiado por quase dez dias, já que os aeroportos foram fechados por conta das fortes nevascas.

“Acionei o seguro, mas informaram que ele venceu no dia que eu deveria voltar. Tive que comprar roupas para usar nestes dias, pagar hotel do próprio bolso, e na volta, a seguradora simplesmente afirmou que, para continuar tendo cobertura, deveria ter voltado na data marcada”, conta.

Marcello decidiu não processar a seguradora quando voltou, já que diz que a dor de cabeça seria maior. Se sairia vitorioso ou não é uma incógnita, já que seguradoras e agentes de viagem afirmam que problemas causados por mudanças climáticas podem não ser cobertos pela apólice.

O que levar em conta?

Segundo José Carlos de Menezes, diretor geral da seguradora Affinity, as pessoas devem levar em consideração alguns tópicos ao escolher o melhor plano. “Avalie qual o tipo de cobertura você precisa, e observe não só as principais, mas também o que está nas entrelinhas”, explica. Viagens para locais com mudanças climáticas abruptas ou históricos de problemas nos aeroportos devem ser levadas em consideração. Normalmente há estes adicionais disponíveis.

De acordo com ele, os adicionais disponíveis podem auxiliar em caso de cancelamento de viagem, assistência jurídica, extravio e atraso de bagagem, medicamentos, assistência odontológica, repatriação, extensão de internação hospitalar e de diárias em hotéis e passagem de ida e volta para um familiar, por exemplo. “Converse com o seu agente de viagens ou corretor antes de fechar o seguro, fale se pretende praticar algum esporte que possa trazer risco, diga qual será seu roteiro, repasse cada detalhe da viagem”, pondera José Carlos.

Fiquei doente, e agora?

Se ficar doente já não é algo bom, pior é quando há uma emergência quando se está viajando de férias. O dentista Fábio Sarmento passou muito mal quando viajou para Miami, mas por causa de uma cirurgia que fez um ano antes. Ele diz que foi internado e precisou arcar com todos os custos: “alguns meses depois chegou a conta de US$ 12 mil para eu pagar, e o seguro não pagou alegando que era uma doença pré-existente”.

O caso do Fábio é algo que a Susep trata como “gastos médicos decorrentes de doença”, que não precisam ser cobertos pelas seguradoras. A legislação atual, de acordo com a superintendência, aponta que as apólices não podem constar reembolsos por conta de problemas de saúde que a pessoa já tenha.

Este é um caso muito recorrente em sites que registram reclamações contra empresas ou prestadoras de serviços. Os processos, quando abertos, normalmente se arrastam por anos na justiça e nem sempre são favoráveis aos clientes.

Quando a bagagem não chega.

O empresário Frederico Stockchneider e a esposa Marielle chegaram em Nova York no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, mas a bagagem se perdeu no meio do caminho.

Ele conta que precisou comprar algumas roupas para passar o feriado. Dias depois a bagagem apareceu, “toda pisoteada e suja. Horrível”. Frederico conseguiu uma indenização de US$ 200 pelo atraso na entrega da bagagem, mas nem sempre o valor pago pela seguradora é o que o cliente acha justo.

A divergência no valor da indenização e outros motivos, como atraso, furto ou assistência saúde, somam mais de 40% das reclamações. De acordo com o advogado Flávio Siqueira Júnior, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o seguro-viagem só reembolsa as despesas que estejam previstas na apólice contratada, “é no próprio contrato que o cliente identifica o que está sendo oferecido”.

Seguros obrigatórios

Alguns países exigem um seguro específico dos viajantes, que geralmente é verificado logo na imigração do aeroporto de destino. “A maior parte deles fica na Europa e é signatária do Tratado de Schengen, que exige que o turista tenha um seguro viagem com cobertura mínima de 30 mil Euros”, salienta o executivo da Affinity. Este tratado inclui países da União Europeia como a Alemanha, Espanha, França, Itália, entre outros.

Há ainda alguns para quem vai aos Estados Unidos e Canadá, geralmente oferecidos por cartões de crédito. A recomendação é que o viajante consulte o banco para ver se há alguma assistência sem custos.

Também é possível comprar o seguro viagem no próprio aeroporto de origem, em agências de turismo ou em totens disponibilizados por algumas seguradoras.

Recentemente, o Aeroporto Internacional Tom Jobim recebeu quatro plataformas em que o cliente pode adquirir o seguro com apenas alguns cliques na tela, e fazer o pagamento na hora com o cartão de crédito.

FONTE: ViverBem.

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