Até o fim do ano, a 5ª rodada de concessões dos aeroportos brasileiros já estará disponível para leilão. A informação foi compartilhada por representantes do governo federal durante a 7ª edição da Airport Infra Expo, nessa quinta-feira, em Brasília. O evento debateu a infraestrutura aeroportuária no Brasil e reuniu membros do governo, de associações, da iniciativa privada e especialistas do setor.

A nova rodada será dividida em três blocos e terá foco na gestão e nas sazonalidades econômicas de cada região. O bloco mato-grossense tem foco no agronegócio e é composto pelos aeroportos de Sinop, Cuiabá, Rondonópolis, Barra do Garças e Alta Floresta. O do Nordeste terá foco no turismo e abrangerá os aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Juazeiro do Norte (CE). No Sudeste, os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ) serão concedidos com a visão no eixo de óleo e gás.

O secretário nacional de Aviação Civil da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Dario Rais Lopes, destaca que as primeiras rodadas de concessões privilegiaram a infraestrutura necessária, tendo em vista a realização da Copa do Mundo, das Olimpíadas e das Paralimpíadas. Segundo ele, os novos blocos leiloados terão foco na gestão e serão segmentados para a questão regional.

“No passado, o compromisso foi prover infraestrutura para os eventos que o país iria promover, como a Copa do Mundo. Agora, temos a necessidade de focalizar na gestão e enxergar o aeroporto com um olhar diferente, entendendo mais o desejo do passageiro. Alguns aeroportos concedidos já mostram evolução nos quesitos atendimento e satisfação. Queremos o olhar voltado para o consumidor”.

Sobre o novo modelo de concessões, Rais afirma que o desafio é evoluir e avançar em questões como a demanda de nichos econômicos. “Nas primeiras concessões, foram feitas obras descoladas da demanda. Hoje, temos aeroportos, como o do Rio de Janeiro e de Campinas, com um custo operacional acima do real, com a infraestrutura voltada para um evento, mas que não corresponde à demanda atual. Vamos pensar na questão da demanda de cada local e, também, trazer junto a questão econômica de cada bloco para alavancar os nichos de cada região”.

A projeção da SAC é que até 2049 os aeroportos concedidos passem dos atuais 9,7 milhões de passageiros por ano para 58,4 milhões, um aumento de quase 300%, com investimentos na ordem de R$ 3,5 bilhões. O grande desafio para as novas concessões é garantir que a qualidade de serviços dos aeroportos para os usuários e para toda a cadeia produtiva seja adequada.

Outra questão é ter um ambiente regulatório que se mostre mais seguro e que possa avançar no ritmo das evoluções internacionais, segundo o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Eduardo Sanovicz. “Esperamos que a experiência de voo seja adequada, assim como a chegada, o trânsito e a saída do aeroporto. Além disso, é preciso que os custos sejam mantidos de forma competitiva e que não tenhamos alguns sustos como nas primeiras rodadas que tivemos tarifas aeroportuárias subindo 2.000%. Nossa regulação tem que conversar com o resto do mundo. O consumidor usa o avião no Brasil hoje, amanhã na Itália e depois de amanhã em Pequim. O Brasil tem algumas regras que só acontecem aqui e que, ao final do dia, tornam a aviação brasileira menos competitiva, mais burocratizada e mais cara”, conclui.

Para o diretor-executivo da Aneaa (Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos), Douglas Rebouças de Almeida, as próximas concessões devem manter o nível de investimento. “Quanto mais aeroportos forem concedidos, melhores aeroportos vamos possuir.”

Ao todo, dez aeroportos já estão sob concessão no Brasil. Do total, Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Confins (MG), Brasília (DF), Natal (RN) e Viracopos (SP) foram concedidos entre 2011 e 2013 e, desde então, receberam mais de R$ 12,1 bilhões de investimentos. Antes das concessões, os seis terminais transportavam 93,9 milhões de passageiros ao ano. Atualmente, o número passou para 161 milhões, um aumento de 71,5%.

Fonte: CNT.

 

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